Bonecos de Santo Aleixo (Portugal)

"Auto da Criação do Mundo"


TEATRO TABORDA

24 de Maio às 16h (Domingo)


Actores-manipuladores: Ana Meira, Gil Salgueiro Nave, Isabel Bilou, José Russo, Vítor Zambujo Acompanhamento musical: Gil Salgueiro Nave Técnica: Marionetas de varão Público-alvo: +6 Idioma: Português Duração: 70 min.














E na celebração das 15 edições não podiam faltar à festa o Mestre Salas e o Padre Chancas! Pela quarta vez no FIMFA, Senhoras e Senhores, os Bonecos de Santo Aleixo! Ingénuos, puros, malandros e irreverentes... ninguém do público estará a salvo das suas piadas!

Estes títeres tradicionais do Alentejo parecem ter tido a sua origem na aldeia que lhes deu o nome. São marionetas de varão, manipuladas a partir de cima, à semelhança das grandes marionetas do Sul de Itália e do Norte da Europa, mas diminutas, entre 20 e 40 centímetros, feitas de madeira e cortiça, vestidas com um guarda-roupa que permite, como no teatro naturalista, identificar as personagens da fábula contada. O essencial dos meios utilizados é composto por um lugar de representação chamado “retábulo”, construído em madeira e tecido florido, reproduzindo um palco tradicional em miniatura, com pano de boca, cenários pintados e iluminado com candeias de azeite. Possui uma rede dupla de cordéis, colocada verticalmente entre os Bonecos e o público. Os manipuladores estão ocultos por panos de chita. A música, guitarra portuguesa e cantigas, é interpretada ao vivo e os textos, transmitidos oralmente, resultam de uma fusão entre a cultura popular e uma escrita erudita. O repertório consiste em peças de tradição secular, de teor basicamente religioso, para além de outras, cujos textos pertencem, em geral, à chamada literatura de cordel. A representação inicia-se sempre com o Baile dos Anjinhos ou Contradança. As figuras carismáticas são o Padre Chancas e o Mestre Salas, que, por tradição, tem uma moca, com a qual castiga ou abraça o Padre, enquanto este prega.



As referências mais antigas remontam ao século XVIII, mas os Bonecos que chegaram ao século XXI foram revelados por Michel Giacometti e Henrique Delgado, a partir de 1967, e terão tido origem em meados do século XIX. Os textos terão sido “criados” ou “reelaborados” por um certo Nepomucena, e transmitidos oralmente, de pais para filhos, bem como o estojo de bonecos, até chegarem ao casal Manuel Jaleca e a Antónia Maria, que os recebera dos seus antepassados. Este agrupamento percorria o Alto Alentejo numa carroça puxada por um muar, exibindo-se, geralmente, em palheiros ou celeiros. Jaleca, em colaboração com António Talhinhas, prossegue a tradição, acabando este por lhe adquirir todo o material. Em 1978 a Assembleia Distrital de Évora adquiriu o espólio e entregou-o ao Centro Cultural de Évora, que, desde 1980, fez a recolha do repertório e, através de ensaios com o próprio Talhinhas, formou uma nova “família” com actores profissionais. A pesquisa foi assegurada por Alexandre Passos que acompanhado por Manuel da Costa Dias garantiu também a recolha do repertório na primeira fase. A partir da fixação desta nova “família” dos Bonecos, a conclusão da recolha foi assegurada pelos actores que a constituem. Estes garantem a permanência do espectáculo, assegurando assim a continuidade desta expressão artística alentejana e única no mundo.

Conhecidos e apreciados em todo o País, com frequentes deslocações aos locais onde tradicionalmente se realizava o espectáculo, os Bonecos de Santo Aleixo, propriedade do Centro Cultural de Évora, participam habitualmente em muitos eventos internacionais fora do País e são anfitriões da BIME - Bienal Internacional de Marionetas de Évora.